Node.js: a revolução do desenvolvimento web

*Texto de Beatriz Clasen
redatora de conteúdo na Rocketseat.

Toda grande história no universo da programação começa com um problema. A nossa profissão é conhecida pela busca constante de soluções e formas de facilitar tarefas do cotidiano. Quando o assunto é o nosso trabalho, a situação não é diferente.

Aqui neste artigo nós vamos te contar uma breve história sobre a origem do Node.js e como essa ferramenta serviu como uma revolução no desenvolvimento web.

Tudo começa com Ryan Dahl, um programador que se viu observando as limitações dos servidores web na época: o manejo de solicitações HTTP pelo Apache HTTP Server causava uma baixa eficiência ao lidar com muitas conexões simultâneas.

Enquanto o JavaScript já estava bem estabelecido no front-end, essa não era a realidade para o back-end. Mas isso estava prestes a mudar.

Na segunda metade dos anos 2000, era comum que os servidores mais populares, como o Apache, tratassem as solicitações de entrada de forma síncrona, bloqueando a execução do servidor até que cada solicitação fosse concluída. Isso resultava em ineficiência quando muitas conexões eram feitas simultaneamente.

Inspirado pelo conceito de eventos e influenciado pelo estilo de programação baseado em eventos, padrão do JavaScript, Dahl decide criar um ambiente de execução JavaScript que operava de forma assíncrona e não bloqueante. Ele usou o motor de JavaScript V8, do Google Chrome, por sua velocidade e por ter o código-fonte disponível.

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Assim nasce o Node.js, um ambiente de tempo de execução JavaScript, de código aberto, que permite a criação de servidores web eficientes.

Pela primeira o Node.js é apresentado ao mundo. Isso acontece em 2009, na conferência de desenvolvedores JSConf, que é realizado ao redor do mundo até hoje, quando Dahl demonstrou um "Hello, World" do servidor HTTP:

const http = require('http');

http.createServer(function (req, res) {
  res.writeHead(200, {'Content-Type': 'text/plain'});
  res.end('Hello, World\\n');
}).listen(1337, '127.0.0.1');

console.log('Server running at <http://127.0.0.1:1337/>');

A simplicidade do código, somado à eficiência e escalabilidade oferecida pela arquitetura baseada em eventos do Node.js gerou um grande entusiasmo na comunidade dev.

As primeiras versões do Node.js já estavam equipadas com recursos como a API Stream, que permitia o processamento eficiente de grandes volumes de dados, e a API Buffer, para manipulação de dados binários, uma necessidade para muitos servidores.

O npm (Node Package Manager), lançado no ano seguinte, em 2010, trouxe mais um diferencial ao permitir a reutilização código, incentivando a colaboração de outros devs e reduzindo o tempo necessário para o desenvolvimento de novos projetos. Mais tarde, o npm se tornaria o gerenciador de pacotes padrão que conhecemos hoje.

Tudo isso permitiu a fácil reutilização do código entre projetos, impulsionando a produtividade e a colaboração entre eles.

Não demorou muito para que o Node.js crescesse em popularidade. Empresas como LinkedIn, Groupon, PayPal e Netflix começaram a adotar o uso da tecnologia para construir partes significativas de sua infraestrutura. Com esses gigantes embarcando no uso do Node.js, logo veio a popularização dele em outros projetos.

Ao longo dos seus quase 15 anos de existência, o Node.js nunca parou de evoluir. Novas versões são lançadas regularmente para melhorar a eficiência e apresentar novos recursos. Podemos citar algumas, como:

  • Versão 0.10.0 (2013): Streams, uma nova maneira de lidar com I/O (Entrada/Saída) em Node.js;
  • Versão 4.0.0 (2015): a primeira versão estável do Node.js após a reconciliação do projeto com o io.js e a introdução do suporte para ECMAScript 6;
  • Versão 6.0.0 (2016): melhorias de desempenho significativas, atualizações de segurança e um melhor suporte para promessas;
  • Versão 8.0.0 (2017): finalmente chega o Async/Await, facilitando a escrita de código assíncrono em Node.js;
  • Versão 10.0.0 (2018): nessa versão conhecemos uma nova API de sistema de arquivos experimental;
  • Versão 12.0.0 (2019): introduz suporte privado de classe privada ECMAScript, melhora a velocidade de inicialização e adiciona recursos para diagnóstico de aplicações;
  • Versão 14.0.0 (2020): melhorias na performance do V8, suporte experimental para o ECMAScript Modules e melhorias no diagnóstico.

Além disso, em 2015, o Node.js foi incorporado ao JS Foundation, garantindo o futuro da plataforma como um projeto de código aberto com a contribuição da comunidade global de desenvolvedores.

Atualmente, Node.js é uma ferramenta vital para desenvolvedores web. Não só pela sua capacidade de executar JavaScript no servidor, juntamente com seu modelo de I/O não bloqueante, que o torna ideal para a criação de aplicações web de alto desempenho e altamente escaláveis, mas também pelas possibilidades de integração com inteligências artificiais, característica indispensável no cenário atual.

Tanto na forma de bibliotecas de machine learning como através de APIs de IA externas, as oportunidades de experimentar o uso de IAs em Node.js permitem a criação de aplicações web sofisticadas e inteligentes.

Em resumo, o Node.js mudou a forma como construímos a web. Graças à sua eficiência, escalabilidade e versatilidade, o Node.js se estabeleceu como uma escolha confiável para desenvolvedores web em todo o mundo.

Com ele, Ryan Dahl não só introduziu uma nova forma de construir servidores web, mas também elevou o JavaScript a um novo nível, permitindo sua execução fora do navegador. Isso abriu novos horizontes para o JavaScript, transformando-o em uma das linguagens de programação mais populares e importantes do mundo

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